sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Deve ser...

Um conflito absurdo
Coisa que me deixa mudo
E tudo vira tormenta aqui dentro
Feito todos esses escritos clichês
"Coisas para dizer quando é preciso dizer"
Dispostos em bancas baratas
Hoje tem terremoto
E o frio na barriga
Esse de gelar o estomago
Queima minhas entranhas
Formadas pelas duvidas mais estranhas
Dessas que me põe diante da realidade
E me questiona:
- Se privar é liberdade?
Faz tempo que não ouso me aventurar
A cancela sempre bem lacrada
A ponto de não vazar nada
A ponto de só doer
Bala que machuca mas não entra
Rajadas de balas na cabeça
No coração
Nos ombros
Esofago
Em tudo
Mas agora algo rasgou essa carne dura
Novamente
E quando rasga é pra sempre...
E de frente para o espelho que me questiono
Sobre tudo
Todos
As idéias fracas
As idéias fortes
No porque de querer
De tentar entender
De me incomodar
De me emocionar tanto
As consequências
As sequelas
As noites de frio
Calores intensos
Das todas historias em mim
Das que simplesmente são
Sabe, eu vivo com medo de me encarar sozinho
Frente a frente
Eu choro e com uma nitidez enorme consigo me olhar
Todas as veias, cicatrizes, poros...
Sem duvidas sou um sentimental escrachado
Quando eu tô sozinho
Meu mar se agita tanto que transborda
Molha a mesa, o computador, meu oculos, dedos, nariz
É essa porra de olhar pro passado
Essa porra de olhar pra dentro
Essa confusão mortal
Esse barulho ensurdecedor que o vizinho não escuta
Que treme os copos, as plantas...
Parece que foi ontem que dei meu primeiro beijo
Parece que foi ontem quando me apaixonei pela primeira vez
Ela tinha cabelos encaracolados, pele de bronze
Um oculos preto enorme a cobrir o rosto
E um sorriso tão lindo
Que da forma mais brega...
Acabou de entrar um vento frio aqui
Desses que mudam a rota e nossa viagem
Que nos traz de volta ou nos joga longe
Que nos afoga ou nos leva até a praia...
As coisas voam aqui
Papeis, poesias jogadas no chão da sala
As vezes tenho vontade de ser as poesias
Essas palavras que junto ao vento
Circulam livres
Que a cada cabeça
Se fazem um novo rosto
Eu me canso de ser quem sou,
nas vezes,
que paro pra pensar quem eu sou.
Acho que todo mundo faz isso
Ou quase todo mundo, sei lá
Ando me sentindo tão leve ultimamente
Que isso me faz eu me sentir culpado
Deve ser a crise dos quase 40
Deve ser...
Deve ser o medo de amar
De sofrer...
De fazer sofrer

...

Tem noites que de tão iluminadas
Fazem raio-X em nós
E é impossível fugir da radiação.